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Entrevista com Ítalo Ipojucan sobre investimentos para Marabá e Região - Parte Final


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Adriana Araújo: Retomamos a entrevista com o Presidente da Associação Comercial e Industrial de Marabá Sr. Ítalo Ipojucan de Araújo Costa, pessoa de credibilidade, muito educada e nos presenteia com a sua visão e experiência empresarial. Na entrevista é apontado um cenário de grandes investimentos em Marabá e região que, por conta do contexto econômico do país ainda nos deixa com incertezas. Segue abaixo a entrevista.

6. Muitos empreendimentos que aqui chegaram, foram muito bem vindos e bem acolhidos. Muitos não receberam incentivos municipais ou estaduais. Pelo número de empregos gerados é uma boa medida, mas, por outro lado, permitiu uma grande evasão de divisas dado que estas empresas não compram na cidade eenviam os seus lucros para a sua matriz.

O senhor concorda que esse é mais um instrumento que reduz o volume monetário em circulação e a consequência é o fechamento de lojas, supermercados, escolas e etc?

Ítalo Ipojucan (Presidente da ACIM): Não concordo. Todo empreendimento traz ganhos e os distribui pela cidade de forma direta e indireta. O lucro das empresas é destinado de conformidade com a decisão dos seus sócios - se vão para matriz ou vão financiar outras lojas é uma questão que diz respeito ao empresário. A cidade ganha é com a geração de empregos, recolhimento de impostos, pagamento de salários, pagamento de fornecedores de materiais e serviços diversos, além de estimular a indução de novos empreendedores a também se instalarem na região.

Observe os últimos movimentos do comércio de Marabá; Shopping, JC Distribuidora, Matheus, Havan, Lider, outros grupos já instalados e que ampliaram suas estruturas. A cidade caminha para ser um grande centro distribuidor, isso é positivo, só observar a nossa vizinha Imperatriz e os efeitos que tal movimento agregou no comércio local lá. Era previsível que em determinado momento o comerciante local teria essa concorrência instalada aqui. A chegada de grandes grupos é um processo normal que acontece com cidades que crescem e se transformam em referência de uma determinada região, é o caso de Marabá.

7. Por que o nosso olhar volta-se, sempre, para os grandes projetos, e mesmo assim, vemos nossa riqueza sair sem industrializar a região, sem causar desenvolvimento e, parece que não sabemos potencializar projetos menores, não menos importante, capazes de tornar conhecida a nossa região com algo sustentável, como por exemplo: o turismo de negócios, a indústria madeireira, a pecuária leiteira, o curtume, fábrica de sapatos, o crescimento da agricultura dentre outras atividades. Comente a sua opinião.

Ítalo Ipojucan (Presidente da ACIM): Identificar a vocação de uma região, de uma cidade, é o passo inicial necessário para se estabelecer estratégias de uma dinâmica de atração de novos negócios, de fortalecer os existentes e ou reconfigurar sua base produtiva, induzindo novos e diversificados modelos de negócios com base na vocação identificada.

A ausência do foco nesse trabalho não captura as oportunidades de desenvolver e na contra mão, não pode impedir o crescimento – são coisas distintas, crescer e desenvolver precisa acontecer concomitantemente, se acontecer só o crescimento estará só acumulando passivos.

Quando enfatizamos ações nos grandes projetos não quer dizer que deixamos de olhar os pequenos, é exatamente o contrário. Cuidando para que os grandes negócios se instalem, cuidamos do “todo”. Eles induzem a formatação de novos negócios em seu entorno e aumentam e circulação de recursos em toda cadeia comercial.

Veja, temos uma mineração forte e um imenso cenário possível de realizar a partir da extração mineral; dentre muitas cito a Sinobrás como um exemplo disso.

Temos uma nova fronteira do agronegócio se consolidando aceleradamente na região e um outro cenário possível a partir do agronegócio; investimentos em silos, estruturas de apoio ao setor, fábrica de esmagamento de grãos, fábrica de óleos vegetais como exemplo; temos a logística como um diferencial competitivo – uma configuração multimodal de transportes e uma localização estratégica. Abundância de recursos hídricos. Um dos maiores produtores de energia do pais é o Pará – pergunto! Que cenário mais apropriado para transformar uma região que esse?

Todas as formatações que você citou, dizem respeito a negócios de menor porte e que movimentam e dão vida a cadeia produtiva, mas que também estão dentro da mesma lógica de captura. Quem implementa e induz a região ao movimento transformador são as políticas públicas de desenvolvimento, que estão sob a batuta das esferas de governo, tanto federal, estadual e o municipal, não necessariamente nessa ordem.

A sociedade civil organizada pode ajudar sim, identificando e atuando solidariamente no processo, é o trabalho que a ACIM tem feito. Só foco e estratégia bem delineados nessa transformação nos fara mudar de estágio. Temos feito a nossa parte, alertado a classe política e os agentes de governo a respeito da nossa janela de oportunidades, continuaremos nesse exercício.

8. Nunca o Distrito Industrial de Marabá esteve tão deserto, um cemitério de guseira como falado pelo Programa Fantástico da Rede Globo. No Estado do Pará parece que estamos engessados, seja na agricultura, no aspecto da flora, da exploração de terras, das águas e da energia. Com a imensidão do Estado somos apenas enviador de minério de ferro e cobramos um pouquinho de royalties. Quais os grandes projetos e investimentos previstos para 2015, qual deles começará primeiro, é a Hidrelétrica, a Hidrovia o quê?

Ítalo Ipojucan (Presidente da ACIM): Temos uma das melhores áreas de um distrito industrial no estado, infelizmente para o setor de gusa a coisa chegou ao limite, mas a Ibérica continua, o que é positivo e que reforça toda colocação anterior, da necessidade de repensar nosso modelo industrial dentro do Distrito. Recentemente demos um passo importante com a atração da Indústria de Correias Mercúrio, um movimento que exigiu a ação conjunta do estado e município, surtiu um bom resultado. Não podemos ser ingênuos, todo projeto para ser iniciado precisa de uma conjuntura favorável.

A Federação das Indústrias lançou recentemente um mapeamento dos grandes investimentos no estado, a serem realizados no período de 2015 a 2020. São estratosféricos R$ 163,6 bilhões em investimentos industriais no estado. A região do Carajás lidera a lista de investimentos com 53% desse total R$ 87,2 bilhões. Listo alguns para você;Vale S.11D em Canaã R$ 43,0 bi (mineração), Votorantim Metais em Rondon R$ 6,7 bi (mineração), Anglo América em São Félix do Xingu R$ 9,4 bi (mineração), Indústria de Correias Mercúrio em Marabá R$ 100 mi (indústria geral), Sinobrás duplicação em Marabá R$ 500 mi (indústria geral), Hidrelétrica de Marabá R$ 12,0 bi (energia) – são investimentos de envergadura, do setor privado quase todos em execução outros em fase de finalização de projetos, licenças ambientais etc... Em Marabá o da Sinobrás está em curso, o da Mercúrio também.

Veja que o Brasil entra em 2015 debaixo de arrocho total. A necessidade do Governo equilibrar suas contas deixa sérios reflexos no mundo empresarial e na comunidade, com o significativo aumento de custos anunciado recentemente (impostos, energia, gasolina) O setor mineral também não passa por um bom momento. Listo para você empreendimentos previstos para a região e que podem ser alterados, não tenho bola de cristal, mas sei que vários serão repensados e ou entrarão em compasso de espera de bons ventos, da conjuntura favorável.

Dois investimentos anunciados e importantes para Marabá são do governo federal e me preocupam sim, e muito – a Hidrelétrica de Marabá, a Hidrovia Tocantins (Pedral Lourenço)!

Os dois do setor público é que me fazem coçar a cabeça! Os do setor privado, basta os ventos soprarem a favor e eles acontecem, os do setor público não, dependem de uma serie de fatores e o mais complexo deles é sem dúvida o ingrediente político.

Em recente publicação, o governo federal admite suspender os investimentos em hidrelétricas na Amazônia, será? Nos últimos informes obtidos no DNIT, dizem que estão realinhando o orçamento da obra do derrocamento do Lourenção (hidrovia) para lançar o Edital e Licitação – quando será, será?

Então temos que ter a responsabilidade de coletar com maior profundidade informações sobre o estágio desses investimentos federais e depois repassá-los à comunidade, não é possível antes disso arriscar nada, serão palpites e, palpites...são palpites.

9. Segundo o cenário que temos hoje, da crise energética, com a possibilidade de apagão em 2015, com a entrada em atividade das Usinas Termelétricas de uma energia que sobe de preço a cada dois meses, com entrada em vigor das bandeiras tarifáricas temos um verdadeiro colapso. Sabe-se do pedido rejeitado, do Consórcio Norte Energia de adiar a entrada em funcionamento de Belo Monte, previsto para fevereiro de 2015. Isto demonstra que estamos atrasados no que pese investimentos no setor. Como andam as conversas para a instalação da Hidrelétrica de Marabá? Por que nossas autoridades estão esperando a boa vontade do Ministério das Minas e Energia ou mesmo da Eletronorte. Não devíamos buscar essas informações? Trazer essas autoridades aqui na cidade?

Ítalo Ipojucan (Presidente da ACIM): Acabei de citar uma publicação do dia 15/02/2015 da Agência Estado com o título “ Governo desiste de hidrelétricas na Amazônia”.

A publicação menciona que a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), recebeu inscrições de 91 projetos de novas usinas para o leilão que entrarão em operação daqui a cinco anos. Do total 7 são hidrelétricas e nenhuma na Amazônia.

Ainda segundo a publicação, até dois anos atrás, estavam dentro do planejamento, a construção dessas sete grandes hidrelétricas no plano decenal. Eu próprio tive acesso a esse planejamento e que contemplava a de Marabá com previsão de conclusão para 2020. Agora, segundo a nota, restou apenas a Hidrelétrica de São Luiz do Tapajós no plano, ou seja, apenas uma. Responsabilizam pela trava, problemas de ordem ambiental (licenças) que estão a dificultar a condição do governo em licitar grandes projetos hidrelétricos na Amazônia.

Até onde tínhamos conhecimento, o projeto de Marabá tinha previsão para seu início em Janeiro de 2015. Teria sofrido uma mudança de cronograma, com previsão estimada para o final desse ano. Com o teor dessa publicação, se já existiam dúvidas agora é que de fato precisam de esclarecimento.

Estamos articulando via ACIM e Prefeitura, uma rodada de palestras em Marabá, convidando autoridades e representantes dos projetos previstos, também dos que estão em execução, de forma que possamos ter com clareza a situação de todos e seu cronograma real. Isso envolve o tema mineração, indústria geral, energia, logística e agronegócio.

O objetivo é saber o que esta acontecendo, o que de real existe e vai acontecer e aqueles que podem não acontecer – com essa informação o município através das suas representações poderá adotar uma estratégia de atuação. De dúvidas acho que a experiência da ALPA foi o suficiente.

10. Temos um atraso nas obras do Centro de Convenções de Marabá. Essa política de eventos já foi uma ação forte dentro da ACIM. Estamos sem discutir o que poderá ser esta grande obra para a economia de Marabá. Sabemos que o nosso Hangarzinho poderá trazer vida ao comércio local com a realização de Feiras, de Encontros, de Convenções e etc. Como a ACIM vê o funcionamento deste Centro de Eventos? Vamos colocar nossa gente na administração do Hangarzinho?

Ítalo Ipojucan (Presidente da ACIM): Uma das mais importantes obras para inserir Marabá no Trading do Turismo de Negócios do Pará. Entretanto não será tarefa fácil, levará algum tempo de trabalho intenso para conseguir uma rotina de eventos no local.

Após sua estabilização a tendência é Marabá ser alternativa no estado para realização de eventos de grande porte, ai a economia do município ganha, o comércio ganha, todos ganham.

Com o Hangar não foi diferente, havia o comentário que seria um elefante branco e veja o que se tornou uma referência, mas, demandou certo tempo e muito trabalho para que tal configuração se estabelecesse, considere ainda que Belém é uma das portas de entrada da nossa Amazônia.

Pelo que sei esse trabalho já está sendo conduzido pela Secretaria de Turismo do Estado, algumas reuniões aconteceram aqui com esse propósito. Com relação a nomeações e cargos temos que entender que é uma ação de estado, mas acredito que bases políticas serão consultadas e certamente que contamos aqui, com pessoas qualificadas e aptas para a função. Adriana Araújo: Espero que todos possam ler, terem uma compreensão que o cenário, que as perspectivas são positivas e, como todos podem ver, vem num momento de dificuldades do país, da crise da Petrobrás, da crise energética e hídrica. Agradeço ao Mestre Ítalo Ipojucan pelos importantes esclarecimentos, por vender sempre positivamente a Cidade e Região. Muito obrigado!

 
 
 

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Eduarda Araújo
Blogueira
Eduarda Araújo

Pós graduada em Gestão de Pessoas, atualmente Analista de Recursos de Infração e Blogueira. Executa trabalhos sociais de dança e teatro em instituições religiosas 

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