DIA DO PROFESSOR – O QUE COMEMORAR?
- Adriana Araujo
- 15 de out. de 2015
- 2 min de leitura

Nas décadas passadas o professor era uma pessoa importante e influente na comunidade. A maioria dos pais queria ter uma filha professora na família. Os salários eram compensadores e os professores muito valorizados. Eram respeitados, quase a única fonte de informação. Professores, pais e alunos eram amigos.
Havia uma educação de qualidade e as escolas formavam crianças e jovens dentro da ética, da responsabilidade, da confiança, do respeito e da fraternidade. A escola era uma continuação da família. Os pais impunham limites aos filhos, acompanhavam seu desenvolvimento junto aos professores e admiravam os mestres. Os currículos compostos por disciplinas importantes: línguas latinas inglesas, francesas. Continham também no ensino médio: filosofia, psicologia e sociologia, disciplinas que levavam a pensar e desenvolver o espírito crítico.
Com a chegada da modernidade a sociedade se transformou. Os valores se inverteram. As famílias se afastaram da educação dos filhos. Com o corre-corre da vida moderna, numa sociedade consumista, os pais para adquirir a subsistência ficaram ausentes.
As crianças entreguem, muitas vezes, à babá eletrônica, a televisão. Como não estão presentes, compensam os filhos com presentes materiais. Não impõem limites às crianças e jovens, transferindo toda a responsabilidade da educação à escola. Os salários defasados, a falta de investimentos na educação pelos governos, as escolas foram sucateadas e os professores sem ferramentas de trabalho. Com os baixos salários o professor tem que correr de uma escola para outra, prejudicando o ensino.
Com a era da internet os alunos estão mais bem informados do que os professores, que não dispõem de tempo, nem recursos para se reciclarem. As aulas passaram a não ter mais atrativos.
A qualidade da educação desmoronou.
Com a disseminação da violência e as drogas, as escolas e os professores ficaram à sua mercê. Crimes e vandalismos proliferaram. Alunos indo armados para as escolas, atirando a esmo em professores e colegas, ferindo-os, ou até matando –os. Escolas, professores e alunos não têm mais segurança e tranqüilidade para desenvolverem seu trabalho. Os pais, na maioria das vezes, ficam a favor dos filhos recorrendo à Justiça.
O educador Paulo Freire afirma: “Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo sonho, inviabilizando o amor”. “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tão pouco a sociedade muda.” A tradição brasileira profundamente autoritária, coloca sempre o educador como sujeito e o aluno como objeto. Conhecimento não se “transfere, conhecimento se constrói.”
Diante deste quadro, quero parabenisar todos os colegas educadores, que apesar dos salários miseráveis e de todos os desafios, que encontram no dia a dia, permanecem com coragem, ânimo e vocação, continuam lutando para salvar a educação e a escola pública. Apesar das adversidades os educadores unidos em seu sindicato, o CPRGS, com muita luta conseguem conquistas valiosas, impedem maiores derrocadas na educação e batalham pela conservação dos seus direitos. Em toda a sua história o sindicato esteve à frente das conquistas, mobilizado em busca e de uma educação de qualidade.
Continuemos unidos batalhando, comprometidos com a defesa da escola pública e de educação para todos, um direito de todo o ser humano. Podemos comemorar, neste dia, nossas conquistas adquiridas com muita luta e bravura.
Por SUELY BRAGA
Fonte: http://www.cnlb.org.br/?p=794
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