A velhice precisa mesmo ser a melhor ou a pior idade?

Como você quer ser reconhecido socialmente quando chegar aos 60? As opções são as seguintes: você pode ser velho ou idoso e pensando no coletivo, você pode fazer parte da terceira idade ou melhor idade. Gostou? Se identifica? Bom nós já pensamos sobre isso e a nossa opinião aqui é que queremos continuar com as nossas identidades sem grandes mudanças, pode ser? Podemos ser os maiores de 60, como aqueles que são maiores de 18. Por que não? Por que existem tantos nomes, eufemismos etc etc? Fomos pesquisar um pouco.

Na tentativa de qualificar a velhice alguns termos foram criados como, por exemplo, a terceira idade e a melhor idade. A palavra “velho” também não tem boa conotação na sociedade em que vivemos. Quando você pensa em velho, o que lhe vem a cabeça?

Categorizar as idades (criança, adolescente, jovem, velho) é uma construção histórica.

As categorias são criadas por associações a praticas sociais. Estabelecem direitos, deveres, privilégios, oferecem um roteiro do que deve ser vivido (dirigir, votar, casar, entrar ou sair do mercado de trabalho, aposentar- se e ate morrer), ou seja, seguimos protocolos sociais no decorrer de toda nossa existência. A nossa cultura é baseada no modo produtivo das pessoas, onde na infância e adolescência estamos na fase de formação, na fase adulta estamos no tempo da produção e na velhice estamos no tempo de repouso, desta forma ignora se toda a singularidade do indivíduo. Somos todos homogêneos? Daí vem o pensamento de que ser velho aposentado é não ser produtivo. Seria então o oposto as outras fases da vida. Então ser “velho” não seria algo almejado, alguém quer ser visto como improdutivo? Vamos então ser idosos! No século XIX, na França, as pessoas eram categorizadas em “velhos” para aqueles com menos posses e menor poder econômico, e “idosos” para aqueles que tinham prestígio e posses.

Na década de 60, ainda na França, o termo velho, visto como pejorativo, foi substituído por idoso nos textos oficiais, mudando assim, a representação das pessoas mais velhas. Quem nunca ouviu ou disse “Eu não sou velho, sou idoso”. Ser idoso passa ,então, a ser uma boa forma de envelhecer. A partir daí surge o termo “Terceira idade” que seria a fase entre a aposentadoria e a velhice, os chamados jovens idosos ( a quarta idade é para os 80+). Aqui no Brasil, foi na década de 60 que o termo idoso também substituiu o “velho”.

O termo ” melhor idade” surgiu na tentativa de passar a ideia de que, uma vez que o cidadão não precisa mais trabalhar ele pode curtir a vida e aproveitá-la mais do que antes. Isso é mesmo possível? Quando nos aposentamos podemos viajar, passear, fazer cursos, conhecer pessoas novas, curtir a vida do melhor jeito? Bom, para alguns talvez seja possível, mas para a maioria, pelo menos aqui no nosso país, essa não é a realidade. Sendo assim o termo “melhor idade” não se aplica aos 60+ e não por que essa fase não pode ser boa, e sim por que ela enfrenta problemas como qualquer outra fase da vida, sendo difícil se tornar realmente a melhor. Entendemos que todos esses termos e vocábulos servem para situar o cidadão em sua condição social, porém, todos estes termos reduzem o individuo a um grupo que muitas vezes não o representa. O importante mesmo é cultivar sua identidade, batalhar pelo papel protagonista de sua própria vida não se rendendo a protocolos. Não há receitas para nenhuma fase da vida, cada um de nós envelhece de forma única e deve continuar a escrever sua história com seu roteiro próprio. Cada fase da vida nos reserva dores e delícias, sábio daquele que se fortalece com as adversidades, adapta-se e valoriza as felicidades do presente.

Fonte:https://longeviver.wordpress.com/2014/05/30/a-velhice-precisa-mesmo-ser-a-melhor-ou-a-pior-idade/

Postado por Adriana Araújo