REDES SOCIAIS, REMÉDIO OU VENENO. CONFIRA;
- Adriana Araujo
- 13 de mai. de 2017
- 3 min de leitura

Os relacionamentos sempre foram assunto de primeira página. Nas revistas os famosos se casam e se separam. Nos jornais a manchete: “Mata por ciúmes”. A gente nasce preparando para se relacionar. Primeiro são os pais, a família, amiguinhos da escola e assim nos socializamos. Relacionamentos sempre foram super valorizados, mas nada se compara ao que vemos hoje com as redes sociais. Uma vitrine pública onde cada um exerce seu narciso como bem entende. Busca por popularidade é igual busca por afeto. Ponto. Quanto maior o número de curtidas e seguidores mais amado se é, muitas vezes custe o que custar. Os tais cinco minutos de fama tornaram-se eternos.
Comecei assistir a uma nova série na Netflix direcionada ao publico adolescente que freqüenta bastante meu consultório e, bem no começo existe uma cena onde duas garotas tiram uma selfie em frente a um lugar especifico da escola, um armário cheio de fotos de uma colega que cometeu suicídio. Pergunta: _Qual a atitude das moças em seguida? Alguém? Elas postam a foto em uma rede social com direito a hashtag, diga-se de passagem, hashtag da crueldade. O fato é as pessoas querem mostrar que são solidárias, que são bacanas, que são inteligentes. Muito se é melhor ser do que ter”.
Balela. Fala-se apenas, não se pratica. Até o início dos anos 80 nós vivíamos em um tempo onde o importante era “ser” alguém, deixar sua marca através de feitos. Já em meados da década de 80 o capitalismo ganhou força no mundo e as pessoas passaram a querer “ter”. Ter uma TV no quarto, ter um carro importado. O materialismo ditava quem eram os bons. Hoje em dia, com o crescer das redes sociais vivemos um fenômeno, as pessoas não querem mais ser ou ter, grande parte das pessoas querem parecer que são, ou que têm. Muitas vezes a vontade de parecer ser alguém transcende as raias da legalidade. Todos aqui conhecem histórias de usuários nas redes que fingem ser profissionais que não são? Eu, apesar de estar em apenas uma delas conheço. E, alguém duvida que, essas pessoas usam a mesma ferramenta para pedir por ética no governo? Só pra inglês ver, como já dizia.
O público nos shows também mudou, dizem os artistas. Grande parte dele não está mais lá para ver o espetáculo, mas para gravar, postar e quem sabe assistir depois o que se perdeu ao vivo. Mas é preciso provar ao mundo que se é cool. Vi certa vez uma entrevista da Fernanda Young falando sobre o exagero de registros em fotos de viagens atualmente.
Fotos que são compartilhadas imediatamente pela internet para assim matar a todos de inveja, e que não são mais coladas nos álbuns que ficavam em cima da mesa central na sala de estar para vislumbrar os olhos daquela visita querida, até porque hoje ela raramente aparece pessoalmente. Fotos que são um presente para quem vive conectado e não pode viajar, mas também para quem vive uma vida que não é a sua própria. Já o sortudo que vai marcar mais um destino no seu mapa mundi, de tão preocupado com o teor do comentário que espera receber após a postagem não vive a viagem, não consegue aproveitar com seus próprios olhos, e não os da câmera, o presente que a vida lhe dá.
As redes sociais não têm apenas papel de vilas e não estou aqui para fazer o papel do contra. Hoje muitas famílias que moram distantes acompanham a vida uns dos outros, pessoas se conhecem e formam relacionamentos verdadeiros. O mundo dos negócios se movimenta. Temos uma gama de informações ao nosso dispor em uma velocidade jamais imaginada. Muitos movimentos solidários, verdadeiras correntes do bem, manifestações políticas, entre outros eventos têm grande proporção por causa delas. Mas precisamos em regime de urgência refletir qual caminho estamos tomando a cada moda bizarra que surge. Refletir sobre como o exagero pode proporcionar um sentimento de falsa companhia, enquanto o que aumenta é a solidão. Será que tudo é permitido? Ou vamos usar essas ferramentas com moderação dando a elas sua devida importância? Nem mais, nem menos. Precisamos de mais encontros ao vivo e a cores, menos celulares e mais papo entre pais e filhos. Não é proibido dizer a que se veio nas postagens de outros, mas há que se ter educação. Palavra mágica esquecida por algumas pessoas quando se colocam por trás de uma tela fria de computador.
Assim como os remédios as redes sociais precisam ser usadas na dose certa. Na posologia indicada teremos um mundo a nossa frente e a cura para diversos males. Mas, em doses cavalares elas podem acabar virando veneno.
Por Renata Lommez
Fonte: http://www.destrinchando.com.br/redes-sociais-3/
Postado por Adriana Araújo.

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