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Especialização em humanas não prepara para o mercado de trabalho


A maioria dos programas de doutorado não estão preocupados com o que acontece com os estudantes depois que eles se formam.

Para estudantes, volume de estudo exigido não deixa tempo para se dedicar ao desenvolvimento de uma carreira profissional

Perfil voltado para pesquisa acadêmica, dedicação a temas altamente teóricos e falta de tempo são fatores que levam profissionais com especialização em artes e humanidades a encontrarem dificuldades para se inserir no mercado de trabalho. Para aqueles que não desejam a carreira docente, a falta de treinamento adequado e interesse no desenvolvimento profissional leva a escassez de alternativas de carreiras.

Pesquisa realizada pelo Centro de Orientação e Pesquisa em Carreiras do Reino Unido com estudantes de doutorado em artes e humanidades aponta que 28% dos doutorandos não participam regularmente de atividades voltadas para o desenvolvimento profissional. Dos 500 estudantes entrevistados, 83% contaram nunca ter utilizado os serviços de aconselhamento profissional das suas instituições de ensino.

Para os estudantes em busca de alta titulação acadêmica, o desenvolvimento de uma carreira profissional foi classificado como “perda de tempo”. As informações foram publicadas no relatório “One Size Does Not Fit All: Arts and Humanities Doctoral and Early Career Researchers’ Professional Development Survey” (“Um Único Modelo Não Serve para Todos: Pesquisa sobre Desenvolvimento Profissional de Pesquisadores de Doutorado e em Início de Carreira em Artes e Humanidades”, em tradução livre).

Justificativas

Os estudantes apontaram a ausência de tempo como um dos fatores principais para essa lacuna. Segundo eles, o volume de estudo exigida para a titulação não deixa tempo para se dedicar ao desenvolvimento de uma carreira profissional.

Outro ponto destacado foi a falta de incentivo dos orientadores: para 29% dos entrevistados, seus orientadores de pesquisa demonstraram pouco ou nenhum interesse no mercado de trabalho.

“Existe um discurso de fracasso e vergonha que intimida os doutorandos e os faz se sentirem como se eles não fossem bons o suficiente se não seguirem uma carreira acadêmica”, apontou Rosemary Feal, diretora executiva da Associação de Línguas Modernas (MLA) de Nova York, organização voltada para a pesquisa e ensino de linguagem e literatura, em entrevista ao The Atlantic. “Alguns orientadores têm preconceito contra muitos empregos fora do meio acadêmico que os doutorandos se interessam e consideram muito satisfatórios. Eles não conseguem imaginar uma ‘vida intelectual’ a não ser que o indivíduo se torne um pesquisador.”

Uma consequência dessa dinâmica é a formação de pesquisadores altamente focados nos conhecimentos acadêmicos, mas sem habilidades para alinhar esses conhecimentos com as demandas da vida profissional.

Segundo especialistas, essas habilidades deveriam ser desenvolvidas desde o começo da formação acadêmica. “É necessário que o estudante já na graduação entre em contato com a prática em sua área de formação, por meio de estágios e cursos teórico-práticos. Essa vivência permite a experiência na área e promove reflexões sobre o que é imprescindível desenvolver”, destaca Samarah Freitas, professora do curso de Psicologia e coordenadora do programa de orientação profissional da Universidade Positivo (UP).

Hiato profissional

Sem habilidades necessárias para as demandas do mercado, os profissionais com doutorado em artes e humanidades são levados para o começo da fila na concorrência profissional. Esse cenário foi apontado pelo pesquisador e professor William Pannapacker em artigo para a revista Slate em 2011.

“A maioria dos programas de doutorado não estão preocupados com o que acontece com os estudantes depois que eles se formam, e isso não é bom. É muito provável que um doutorado em humanidades coloque o indivíduo em desvantagem competindo com candidatos de 22 anos de idade para empregos operacionais que mal exigem um diploma de ensino médio”, escreveu.

Para Pannapacker, a dedicação a um doutorado em humanidades é uma opção válida apenas para quem já tem uma carreira e deseja aprimorá-la, quem tem contatos na área em que deseja atuar ou quem já possui possui uma situação financeira confortável; a saída para os demais candidatos é uma mudança no modelo dos programas de doutorado para que passem a incluir treinamento profissional.

A mesma necessidade de mudança é apontada pela pesquisa realizada no Reino Unido. “É necessária uma mudança cultural em que o desenvolvimento profissional passe a ser visto como uma parte integral ao doutorado”, diz o relatório.

Enquanto ela não ocorre, uma alternativa para os estudantes é priorizar o mercado de trabalho nas fases iniciais da sua formação, antes de se dedicar a uma alta titulação.

“O jovem que se insere no mercado ainda na graduação busca constante autoconhecimento e também busca conhecer a demanda da sua atual área, desenvolve diversas habilidades e torna-se um candidato provavelmente com qualificações alinhadas ao seu interesse”, diz Samarah.

Fonte:http://www.gazetadopovo.com.br/educacao/especializacao-em-humanas-nao-prepara-para-o-mercado-de-trabalho-c4nx5iy5a7u3ssxt1mpcvm1vi

Postado por Adriana Araújo.


 
 
 

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Eduarda Araújo
Blogueira
Eduarda Araújo

Pós graduada em Gestão de Pessoas, atualmente Analista de Recursos de Infração e Blogueira. Executa trabalhos sociais de dança e teatro em instituições religiosas 

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